Ouvindo as pessoas discutindo sobre a baixa letalidade do COVID-19 quando comparado às outras doenças de nosso cotidiano, fiz uma pesquisa sobre o tema e resolvi escrever este artigo com o resultado.
Enquanto o novo coronavírus (COVID-19) se espalha pelo mundo
afora, oferece uma janela de oportunidade para que os países menos atingidos, se
preparem antes que a doença assuma proporções incontroláveis. Mesmo fora da
China, epicentro da pandemia no início, a maior parte dos casos se concentra no
Hemisfério Norte, que está no fim do inverno, estação mais propícia à
disseminação do vírus. Neste momento (17/03/2020) a Europa assumiu o epicentro
da pandemia. A essa altura, também já existe uma série de países que servem de
bons e maus exemplos do que fazer para conter a expansão do COVID-19.
Enquanto a Itália esperou demais até tomar ações de
contenção, o que teve como resultado uma explosão na taxa de contaminação que
forçou o governo a colocar o país todo em quarentena, outras nações conseguiram
controlar o surto graças a uma combinação de agilidade com medidas amplas e
eficazes. Como exemplo positivo, temos o caso da Coreia do Sul, onde o uso
pesado de tecnologia combinado com o acesso amplo a testes, mesmo para quem
ainda não apresentasse sintomas, foi essencial para identificar os doentes e os
locais onde eles estiveram, proporcionando aos demais cidadãos os meios de
reduzir o risco de contaminação. Outro exemplo positivo e que também merece ser
citado, foi a construção de 2 hospitais totalizando 2 mil leitos em Wuham, China,
em menos de 1 mês.
Importante ter a compreensão que a grande ameaça da COVID-19
não é exatamente sua letalidade entre a população geral, que realmente é mais
baixa do que a observada em surtos passados de doenças similares, embora a
letalidade seja grande entre idosos e pessoas com outras doenças crônicas, como
diabetes e problemas cardíacos. Em números absolutos, o novo coronavírus mata
diariamente muito menos do que as doenças cardiovasculares (47.945 óbitos/dia, 2018
OMS), câncer (26.301 óbitos/dia, 2018 IARC), tabagismo (19.178 óbitos/dia, OMS),
diabetes (11.506 óbitos/dia, 2018 IDF). Até hoje (17/03/2020) o pico diário de
mortes pelo COVID-19 ocorreu em 16/03/2020 com 686 óbitos naquele dia
(wordmeters.info).
Figura 1 - mortes diárias pelo COVID-19
O que faz do coronavírus um problema sério de saúde pública
é principalmente a velocidade com que se espalha. Ainda que de 80% a 90% dos
casos sejam leves ou médios, a questão é se os 10% a 20% que precisarem de um
atendimento emergencial ou até um leito de hospital com um respirador terão
essa infraestrutura à disposição?
Figura 2 - mortes por idade pelo COVID-19
Estatisticamente este grupo de pessoas denominado grupo de
risco, incluem aquelas acima de 60 anos de idade e também os portadores de
doenças crônicas (doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, câncer e
insuficiência respiratória). A quem como já dito, precisa ser priorizado o
atendimento, pois há uma grande chance de óbito.
Figura 3 - mortes de pessoas com doenças crônicas pelo COVID-19
É este raciocínio que está na base movimento denominado “flatten
the curve”, uma referência à curva de contaminação, e que defende a adoção
imediata de medidas de restrição, como o cancelamento de eventos e as
quarentenas compulsórias. Segundo este raciocínio, se uma comunidade continuar
funcionando como de costume, o coronavírus se espalhará mais rapidamente e muito
mais pessoas ficarão doentes ao mesmo tempo, e neste caso mesmo os 10% de casos
graves já bastarão para saturar toda a rede hospitalar, com consequências
sérias inclusive para pacientes de outras doenças, transformando em situações
extremamente sérias, questões que em outro momento seriam simples de ser
resolvidas. No entanto, as restrições teriam o poder de diminuir a velocidade
de contágio, e com isso impedir a superlotação dos hospitais – quem precisar de
um leito de UTI, seja por complicações do coronavírus, seja por outras causas,
não ficaria desamparado. O efeito colateral desta abordagem seria um surto mais
longo, pois levaria mais tempo até que a população adquirisse a imunidade que
vem após a cura.
Figura 4 - "Flatten Curve"
O grande desafio para a aplicação do “flatten the curve”
é achar o momento exato para implantar as restrições e dimensioná-las
adequadamente. Demorar demais compromete a liberdade individual, como ocorre na
Itália; antecipar-se demais pode aprofundar as inevitáveis consequências
econômicas, algumas delas irreversíveis, de todo cancelamento de evento ou
suspensão de atividade social e econômica. Para ficar em apenas um exemplo, o
entretenimento e o esporte que são a diversão de uns são o ganha-pão de outros.
Nem todos os funcionários de teatros, ginásios ou times podem contar com
generosidade semelhante à de alguns proprietários de equipes de ligas esportivas
americanas, que se comprometeram a continuar pagando os salários mesmo com as
partidas suspensas, uma vez que estes trabalhadores por lá, possuem sua
remuneração diretamente proporcional ao acontecimento dos jogos.
A julgar pela maneira como se deu a curva de contaminação em
outros países, esta semana marca o início de um período decisivo para o surto
de coronavírus no Brasil, pois o número de casos pode saltar de poucas centenas
para dezenas de milhares em poucos dias. Até o momento, as autoridades de saúde
têm agido de acordo com critérios técnicos, usando todos os recursos à
disposição, e empregando diversos meios para informar a população sobre as
características e a disseminação do COVID-19.
E você, está fazendo sua parte para não propagar o
COVID-19?
Links importantes:
Saiba o que é fake news sobre o COVID-19 diretamente do site do Ministério da Saúde:
https://www.saude.gov.br/fakenews/coronavirus
Acompanhe o COVID-19 em tempo real através da solução desenvolvida pela Universidade John Hopkins (EUA): https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/opsdashboard/index.html
Excelente vídeo da BBC explicando sobre a questão da curva achatada:
https://youtu.be/0VGKNzqhX2c
Saiba o que é fake news sobre o COVID-19 diretamente do site do Ministério da Saúde:
https://www.saude.gov.br/fakenews/coronavirus
Acompanhe o COVID-19 em tempo real através da solução desenvolvida pela Universidade John Hopkins (EUA): https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/opsdashboard/index.html
Excelente vídeo da BBC explicando sobre a questão da curva achatada:
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